sábado, 16 de outubro de 2010

A vida entrelinhas

É incrível como em várias
situações da vida nos tornamos
cegos a certas coisas.

Vemos o que queremos ver,
sabemos o que queremos saber
e tudo o mais toma uma
importância tão mínima que quase
desaparece da nossa memória.

É assim que muitas pessoas
toleram situações que,
se assim não fosse,
se tornariam insuportáveis.

Mas como todas as moedas
têm dois lados,
nem sempre ignorar os fatos
nos ajuda a melhor viver.

Precisamos saber reconhecer
o que está nas entrelinhas da vida,
buscar a honestidade relacionada
a uma situação,
uma pessoa, a si mesmo,
à própria vida.

Se nos cegamos
voluntariamente a algo importante,
o fardo não se torna mais leve.
Apenas fugimos para
lugar nenhum.

O fato de não vermos um
problema não o torna inexistente e,
sejamos francos,
não nos machuca menos.

Quantas e quantas vezes
sentimos que algo nos incomoda,
vivemos num mal-estar quase
constante e continuamos
a prosseguir.

Se procurarmos ver um
pouco mais profundamente,
honestamente e sem medo,
com ou sem ajuda,
encontraremos a raiz do mal.

Fazer face à certas coisas
poderá provocar muitas lágrimas.
Mas lágrimas benditas,
que nos ajudarão a evacuar a
dor e provocarão o profundo suspiro
de alívio depois de algum tempo.

Eu sei que não é fácil abrir o coração,
escancarar a alma e resolver tudo
como num passe de mágica.

Sei que não é de uma hora
pra outra que tudo se
torna claro e visível.
E é para isso que
existe o tempo.

Porém a porta do querer
saber deve ser aberta por nós.
Depois outras portas se abrirão,
devagarzinho, até a última,
que nos mostrará a luz do dia,
nos dirá que a vida é bela,
apesar de tudo o que vivemos
ou tivemos que passar.

Nos possíveis e impossíveis da vida,
muito está nas nossas mãos.

Jesus disse:
"Quem tem ouvidos para ouvir,
ouça."

A melhor maneira de ler
as entrelinhas da vida é com os olhos
fechados em oração
e súplica Àquele que cuida de
nós nos mínimos detalhes e que,
para nos dar exemplo,
foi como nós,
carregou um fardo e
também chorou.

TEXTO: Letícia Thompson
* * * * *
Texto enviado aos amigos do Grupo Mensagem de Domingo,
dia 17 de Outubro de 2.010.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Tempestade em copo d'água

Fazer tempestade em copo
d'água é dar a uma situação uma
importância muito maior do que
ela tem ou merecer ter.

Vê-la, talvez,
com os olhos do desespero
e com a inquietação da alma.

São os pequenos acontecimentos
de cada dia que vão formando
nossa história,
com outra ou outras pessoas.

Esses fatos têm uma importância
singular para cada um e para que
sejamos justos numa relação,
é necessário não julgarmos o tamanho
que cada coisa ocupa na vida
da outra pessoa.

O que é importante para o outro,
pode ser simples para
mim e vice-versa.

Nunca podemos desprezar
ou minimizar os sentimentos de
uma outra pessoa ou sua reação,
somente porque aquilo é menos
importante pra gente,
pois quem mente a si mesmo,
acredita nas próprias mentiras.

Quando uma pessoa exagerar
numa reação e disser a você
que isso a machuca,
não menospreze.
Ela realmente sente e importa
pouco se a dor é grande ou pequena.

Tente,
com muita ternura,
abraçar o coração dela.

Se for o caso de realmente
ser uma tempestade num
copo d'água,
a calma virá mais rápido se
sua reação for de uma pessoa
compreensiva e que respeita
a dor alheia.

Quando se trata da vida,
atiçamos o vento e produzimos a chuva,
acalmamos as tempestades
e trazemos com nossas próprias
mãos o sol de volta.

É bastante um olhar,
um grande coração,
um gesto de compreensão
e todas as tempestades da
vida se tornarão suaves
ventos de primavera.

E a colheita de flores,
juntamente com a dos frutos,
é a mais abençoada de todas.

AUTORIA: Letícia Thompson
* * * * *
Texto enviado aos amigos do Grupo Mensagem de Domingo,
dia 10 de Outubro de 2.010.

sábado, 2 de outubro de 2010

QUANDO A DOR NOS VISITAR

O que faz doer nem sempre
tem causa aparente.
Dor é um acontecimento sem datas.

Prolonga-se no tempo
e contraria todas as regras
dos argumentos.

Eu não sei o que dói.
Eu não sei quando começou doer.
O que sei é que a dor é a identificação
mais profunda da condição humana.

Dela é que nasce
a expressão do cuidado.

A dor sinaliza que algo
precisa ser curado,
que algo carece de presença,
olhar atento e esforço redobrado.

Dores são diversas.
São físicas, emocionais,
psíquicas.

Dores de toda hora,
de vez em quando,
ao cair da tarde,
com o chegar das primeiras
estrelas ou com os
primeiros raios de sol.

Dores não conhecem o tempo.
Chegam quando querem.
Elas se acomodam nos
cantos da alma,
nos centros das carnes e ficam.

Os que já sofreram muitas
dores aprenderam a
lidar com elas.
Elas amadurecem.

Eu tenho um amigo travando
uma luta ferrenha com essas
visitantes estranhas.
Os olhos brilhavam um pouco mais.
O sorriso que lhe é tão próprio
não se desfez em nenhum momento,
mas apenas cedeu lugar para
uma forma mais sublime de sorrir.

Era a dor chegando com
sua lousa e giz,
pronta pra ensinar.

Ele tem sabido aprender.
Tenho orgulho do meu amigo e sei,
que mais cedo ou mais tarde,
eu receberei as lições desse aprendizado.
Sofri com ele, mas de longe.
Não posso ficar ao lado.
Eu experimento a dor à distância.
Experimento a dor que tem sido minha,
e que de alguma forma é
a dele também.

Dores criam esquinas inesperadas.

Não sabemos dar nome ao
que nos faz sofrer,
soframos abraçados aos que
nos amam de verdade.

AUTORIA: Padre Fábio de Melo
* * * * *
Texto enviado aos amigos do Grupo Mensagem de Domingo,
dia 03 de Outubro de 2.010.